19 de mar. de 2017

MARDUK - Heaven Shall Burn... When We Are Gathered (álbum)


1996
Selo: Osmose Records
Nacional


Tracklist:

1. Summon the Darkness
2. Beyond the Grace of God
3. Infernal Eternal
4. Glorification of the Black God
5. Darkness It Shall Be
6. The Black Tormentor of Satan
7. Dracul va Domni Din Nou in Transilvania
8. Legion


Banda:


Legion - Vocais
Morgan Steinmeyer Håkansson - Guitarras
B War - Baixo
Fredrik Andersson - Bateria


Contatos:

Site Oficial: http://www.marduk.nu/
Twitter: 
Assessoria:

Texto: Marcos “Big Daddy” Garcia


1996.

O Black Metal havia sido exposto devido ao assassinato de Øystein “Euronymous” Aarseth em 1993, o julgamento de seu assassino, Varg Vikernes, incêndio em igrejas e outros. Mas a caldeira do estilo estava em efervescência, permitindo que disco e mais discos que se transformaram em clássicos fossem lançados e cativassem fãs por todos os cantos do mundo. E um dos então veteranos da cena sueca iria lançar um de seus melhores discos. Vindo ao mundo em 24 de Junho de 1996, “Heaven Shall Burn... When We Are Gathered”, do quarteto MARDUK, se tornaria uma lenda entre os fãs do gênero.

O que há no disco que o torna tão importante?

Antes de tudo, como dito acima, o Black Metal estava tomando o espaço que o Death Metal tinha até então como estilo de destaque dentro do cenário underground. E o MARDUK usou seus três primeiros discos como uma preparação para um pico de inspiração musical que durou (e ainda dura) por muitos anos. E o propósito do guitarrista Morgan de criar a banda mais blasfema do mundo estava, enfim, começando a se tornar real. Se “Opus Nocturne”, disco anterior, já havia chamado a atenção dos fãs do gênero para a banda, é com “Heaven Shall Burn...” que eles se mostram prontos para atingir o objetivo, pois o disco mostra 7 composições inspiradas, em um nível de qualidade muito alto até então. Além disso, é o primeiro disco com a formação clássica, a estréia de Legion nos vocais, logo, todos os elementos estavam em seu lugar. Além disso, se os discos anteriores ainda mostravam a banda com elementos de Death Metal, é aqui que isso se encerra e a banda de vez mostra seu estilo plenamente desenvolvido: primando por uma velocidade extrema e uma agressividade sem par, mas sempre com requinte e bom gosto.

“Heaven Shall Burn...” também marca o início da parceria da banda com Peter Tägtgren, que viria a produzir e mixar seus discos por muitos anos, e é o primeiro a ser gravado no The Abyss Studios, na terra natal do quarteto. A sonoridade do disco é sólida, pesada e agressiva, mas com o nível de qualidade auditiva necessária para podermos aproveitar o que a banda oferece musicalmente. A arte é de Alf Svensson, que deu um ar sombrio à capa, com uma horda de criaturas das trevas usando escudos com o logotipo da banda, e o layout de Roger Karmanik completa a obra, com gravuras que expressam as letras de cada música. Mesmo o tom roxo usado nas fotos do quarteto deixam tudo ainda mais soturno e macabro.

Os vocais rasgados bem pessoais de Legion, aliados aos riffs simples e bem pensados de Morgan (que poderia ser comparado a um Tony Iommi do Black Metal por tais qualidades, sem medo de exageros), e ao trabalho técnico e pesado do baixo de B. War e a bateria rápida de Fredrik Andersson é para deixar qualquer fã de Metal extremo que se preze babando. Isso sem falar que as letras começam a abordar temas interessantes, como os trechos em romeno de “Beyond the Grace of God” (“Singe Este Viata...” significa “O Sangue é Vida”, e “Moarte Calatoreste Repede...” é “Pois os Mortos Viajam Rápido”, duas referências à obra “Drácula”, de Bram Stoker, embora a segunda venha do poema “Lenore”, cujo “insert” referido foi usado em sua obra de sucesso), e com a ajuda de Tony “It” Särkkä nas letras de “Darkness It Shall Be” e “Dracul va Domni Din Nou in Transilvania” (que significa “Dracul novamente governará a Transilvânia”) mostram claramente referências à Drácula, o clássico personagem histórico.

Em termos musicais, chega a ser difícil falar algo que já não tenha sido dito, além de que “Heaven Shall Burn...” nasceu em berço de ouro. É um clássico.

Capa da versão remasterizada de 2004.
O disco abre com a introdução de guitarras “Summon the Darkness”, antes de uma virada de bateria anunciar a entrada de “Beyond the Grace of God”, primeira faixa do disco, onde a ferocidade dos riffs de guitarra é absurda, bem como o trabalho dos vocais é incrível, e nos momentos mais lentos, impera a técnica de baixo e bateria. Ainda com muita velocidade e brutalidade, temos a grudenta “Infernal Eternal” (uma aula de interpretação de Legion), e a opressiva “Glorification of the Black God” (com um trabalho fantástico de bateria, sem contar que o tema é uma adaptação da música “Night on Bald Mountain”, do compositor russo Modest Mussorgsky, com a banda chegando a tocar partes da obra de forma brutal). Então, surge o hino feroz e de pura velocidade da banda em “Darkness It Shall Be” (a letra é icônica, um chamado por todos os que estão quebrados e cansados de serem seguidores e servos a se juntarem às legiões de fãs da banda, e isso embalado por riffs fenomenais de Morgan), além do massacre imposto em “The Black Tormentor of Satan” (mais uma vez, a interpretação de Legion e as guitarras de Morgen reinam absolutas). Para dar um descanso ao pescoço, vem “Dracul va Domni Din Nou in Transilvania”, uma das faixas mais cadenciadas do grupo, e onde começam a contar a história de Vlad “Tepes” Drakul, o lendário nobre que iria inspirar Bram Stoker séculos depois de sua morte, e que será continuada no disco posterior. E encerrando, uma aula de mudanças de ritmo em “Legion”, com Fredrik e B. War mostrando coesão e peso, e onde é falado pela primeira vez um dos primeiros slogans do MARDUK: “Death to Peace”, ou seja, “Morte à Paz”.

No mais, a versão remasterizada de 2004 ainda nos brinda com 4 faixas extras: “Beyond the Grace of God”, “Glorification”, “Black Tormentor/Shadow of Our Infernal King” e “Infernal Eternal/Towards the Land of Damned”, todas gravadas durante junho de 1995 (as sessões de “Heaven Shall Burn...”), e como as demais remasterizadas nos Endarker Studio em fevereiro de 2004 pelo baixista Devo.

Podemos aferir que “Heaven Shall Burn...”, juntamente com “Nightwing” de 1998 e “Panzer Division Marduk” de 1999 formam o trio mágico da banda, os seus clássicos máximos. Se já conhece, sabe do que eu digo, mas se ainda não conhece, não sabe o que está perdendo...

Encerrando: gostaria apenas de dizer que enquanto muitos se apegam a fofocas sobre a banda (como as que causaram problemas na recente tour americana do grupo), lhes diria apenas para curtir a música e deixar as polêmicas de lado.

O Metal agradece...

TERRORSPHERE – Blood Path (EP)


2017
Selo: Independente
Nacional


Tracklist:

1. Assassinos
2. War Curse
3. Terror Squad
4. Blood Path
5. Mind Control


Banda:


Werner Lauer - Vocais, baixo 
Udo Lauer - Guitarras
Francisco Neves - Guitarras
Victor Oliveira - Bateria 


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Texto: Marcos “Big Daddy” Garcia


No Brasil, o Death Metal à lá anos 90 é uma tradição. Mesmo com bandas com uma pegada um pouco mais moderna e rápida, muitos ainda são muito influenciados por aquela época mágica, em que gigantes como DEICIDE, OBITUARY, MORBID ANGEL, DEATH, BOLT THROWER, DISMEMBER, ENTOMBED, UNLEASHED e outros estavam detonando os ouvidos alheios com sua brutalidade musical. E herdeiro de toda esta carga musical é o quarteto TERRORSPHERE, de Londrina (PR). E toda sua música reflete aqueles tempos, em especial o que se ouve em “Blood Path”, seu EP de estréia.

Bruto e pesado, azedo e com técnica na medida, o grupo é especialista em criar música que deixam os ouvidos apitando por horas, sem exagerar na velocidade (os andamentos quase sempre possuem momentos mais cadenciados). Mas mesmo com esse enfoque à moda antiga, a música do grupo é vibrante e pulsa com energia e identidade, sendo capaz de deixar muitos com o pescoço doído de tanto agitar em casa. E eles sabem o que fazem, verdade seja dita.

A produção visual de “Blood Path” ficou muito boa, mostrando uma capa instigante e o encarte de duas páginas visa ser econômico e mostrar as letras (lembremos que a crise econômica no país não anda fácil para ninguém, especialmente quando falamos de bandas independentes). E a sonoridade que transpira do EP é brutal, densa e até um pouco “esfumaçada”, mas nos permite entender o que o grupo quer fazer e como soam cada um dos instrumentos musicais. 

Brutalidade desmedida, agressividade vazando pelos falantes e energia fluindo aos borbotões, o impacto brutal e agressivo das canções do TERRORSPHERE não é algo inovador, mas é honesto e possui identidade. 

Em “Assassinos”, temos uma música direta, brutal e com velocidade (embora nada exagerada), com pegada pesada e riffs de guitarra brutos e solos doentios, e letras em português. Em seguida, vem a opressiva e rascante “War Curse”, com andamento mais variado, embora a banda não lance mão de uma técnica mais exagerada (e se destacam baixo e bateria, pois a base rítmica é pesada e intensa). O azedume intenso permeia as partes mais lentas da insana “Terror Squad”, que é muito agressiva seja nos momentos rápidos ou nos mais lentos, se destacando bastante as guitarras e os vocais urrados do grupo. Uma levada mais ganchuda com arranjos que beiram o Thrash Metal é o que se ouve em “Blood Path” com seu jeito explosivo de ser (reparem como a bateria usa sabiamente os bumbos). E “Mind Control”, a velocidade se faz mais uma vez presente, fazendo a brutalidade do grupo atingir picos que levam a cabeça a balançar por si só de maneira frenética.

Um trabalho muito bom e honesto, e o grupo, burilando um pouquinho mais sua música, estará pronto para voos mais altos.


STONEX – Seeds of Evil (EP)


2015
Selo: Independente
Nacional


Tracklist:

1. Dressed in Black
2. Electric Sky
3. Maggots of my Brain
4. Master of the Pit


Banda:


Pedro Ramon Guerreiro - Vocais
Marcelo Hazz - Guitars
Atílio Bass - Baixo
Adriano Cardoso - Bateria


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Texto: Marcos “Big Daddy” Garcia


As dificuldades moldam as bandas. Isso é algo que chega a ser redundante de tanto que já nos é claro que, conforme a luta, a banda terá alguma característica musical que ficará mais evidente. E no caso do quarteto STONEX, de Aracaju (SE), fica ainda mais evidenciada em “Seeds of Evil”, primeiro EP do grupo.

O grupo se dedica ao Hard/Heavy Metal, e fica claro nas linhas melódicas bem compostas pelo grupo. Mas ao mesmo tempo, a agressividade sonora do grupo acaba nos dando a impressão que estaríamos lidando com uma banda de Thrash Metal com claras influências de TESTAMENT. Se é o caso, se não é, fiquemos com a melhor parte: ouvir um trabalho musical bem feito, e que se ainda soa um tanto quanto bruto (ou seja, necessita de maior lapidação), já mostra vitalidade e potencial.

Produzido pelo próprio grupo com a ajuda de Rikeza, a produção sonora é de bom nível. Óbvio que a banda poderia ter tido um cuidado maior com questões estéticas, como no tocante aos timbres (estão bons, mas poderiam ser melhores), mas no geral, consegue-se entender bem o que a banda está tocando. E justamente por esta produção mais seca e quase artesanal que a sonoridade do grupo soa muito agressiva.

Se a produção poderia ser melhor, o trabalho musical do STONEX soa maduro, embora precise de um pouco mais de lapidação. É pesado, agressivo e apresenta boas linhas melódicas, além do instrumental da banda ser muito bom, embora a técnica musical não seja um dos apelos do grupo.

Em “Dressed in Black”, se percebe um trabalho muito bom da banda, e embora seja uma canção simples, as guitarras esbanjam boas bases e solos bem feitos. A pesada e raçuda “Electric Sky” já mostra um trabalho mais voltado ao Metal tradicional, com um clima denso e pesado, com andamento um pouco mais pesado (que evidencia o bom trabalho de baixo e bateria), mas as guitarras estão ótimas nos riffs. Um pouco mais setentista, “Maggots of my Brain” é pesada e azeda, mas com melodias claras e aquela influência clássica de BLACK SABBATH e IRON MAIDEN antigos, e reparem como os vocais são competentes. E “Master of the Pit” já tem aquela dose de Hard’n’Heavy bem evidenciada, com um bom toque de acessibilidade musical, mostrando melodias provocantes e bem feitas.

No mais, embora o grup precise de uma burilada a mais, o STONEX se mostra um bom nome e tem potencial para ser um nome relevante no cenário nacional.


CONCEPT OF HATE – Black Stripe Poison (EP)


2017
Selo: Independente
Nacional

Tracklist:

1. Black Stripe Poison
2. In Human Nature
3. Chaospiracy
4. Sanity is not an Option


Banda:


Flávio Giraldelli - Vocais
Daniel Pereira - Guitarras
Rafael Biebrach - Baixo
Takashi Maruyama - Bateria


Contatos:

Instagram: 

Texto: Marcos “Big Daddy” Garcia


O Brasil tem muita tradição em estilo mais extremos do Metal, algo que não se pode negar. Justamente por este fator que muitas bandas são cobradas em um nível absurdo, pois se espera muito de um país que gerou bandas como SEPULTURA, SARCÓFAGO, KRISIUN, CHAKAL e outros. Mas podemos aferir que o quarteto CONCEPT OF HATE, de Santo André, São Paulo (uma terra bem fértil em termos de Metal) tem o DNA do Metal nacional em suas veias, como se percebe no EP “Black Stripe Poison”.

Bruto, agressivo e tão raivoso que esta fúria chega a transbordar pelos falantes, o trabalho do quarteto remete diretamente aos trabalhos mais modernos em termos de Thrash Metal/Crossover, numa escola que aglutina influências de bandas como PANTERA e mesmo do Hardcore mais atual. E sim, em meio a tanta agressividade, se percebe um trabalho musical muito bom, que sangra em vitalidade e pulsa com identidade.

A produção de “Black Stripe Poison” é das mãos de Sebastian Ortonol, que soube fazer um trabalho de bom nível, permitindo que tanto a brutalidade da música do grupo fosse aliada a um nível de clareza instrumental muito bom. Poderia ser um pouco mais bem acabado em termos de timbres, mas está muito bom. E na capa, a banda preferiu algo mais simples e artesanal, para que o foco das atenções fosse sua música.

E ela merece ser o foco, já que o quarteto transpira raiva pelos poros de uma forma intensa, e isso reflete em sua música. Mas a agressividade de sua música não esconde sua preocupação com o lado técnico, pois a técnica do grupo não é tão simples, e foco fica em cada refrão, permitindo que sua música seja assimilada por todos sem maiores percalços.

O lado agressivo do grupo fica muito evidenciado em “Black Stripe Poison”, que possui um andamento mais lento e focado no peso, e o jeitão à lá Phil Anselmo dos vocais é ótimo, com timbres bem agressivos. A bateria mostra seu peso e técnica em “In Human Nature”, onde os andamentos variam entre momentos pesados e lentos e outros mais velozes, mas sempre com muito peso (já que o baixo do grupo mostra um trabalho complementar ao da bateria de primeira). A agressividade do HC nova-iorquino e o peso do Thrash Metal moderno dão as caras em “Chaospiracy”, onde os riffs de guitarra ditam as regras em uma música intensa e muito azeda. E a rápida “Sanity is not an Option” reflete a decepção com o momento político atual, onde realmente a sanidade não é uma opção, e isso em balado em um pacote de vocais agressivos, tempos mudando bastante (onde baixo e bateria mostram peso e técnica), e as guitarras cospem riffs de primeira.

A banda é ótima, e tendo um pouco mais de qualidade sonora no futuro, ninguém segura o CONCEPT OF HATE. Mas até lá, “Black Stripe Poison” é um ótimo EP que nos ajuda a esperar com calma (se é que se pode ter calma depois de ouvir um disco tão agressivo assim).


ELEPHANT CASINO – Believe (EP)


2017
Selo: Independente
Nacional

Tracklist:

1. Believe
2. Stardust
3. Return
4. The Haze

Banda:


Fabricio Araújo - Vocais
Rafael Fajardo - Guitarras, backing vocals
Vinicius Silveira - Baixo 
Diego Sans - Bateria


Contatos:


Texto: Marcos “Big Daddy” Garcia


Cada vez mais, as bandas de fora e do Brasil andam apelando para p passado, mais explicitamente ao som dos anos 70 e 80 para criarem sua música. Alguns dão com os burros n’água devido ao repetitivo uso de clichês já exaustivamente erodidos. Outros, por sua vez, conseguem criar algo diferente e personalizado, por entenderem que copiar o passado não adianta, mas que é preciso fazer sua música nesse mundo. E é justamente neste segundo grupo que está o quarteto mineiro ELEPHANT CASINO, que nos brinda com o EP “Believe”.

Pesado como um elefante (sem trocadilhos), intenso, melodioso e com a dose certa de crueza, o trabalho do quarteto não tem pretensões de ser inovador ou de criar uma nova vertente musical. E é justamente por isso que eles fazem bonito: a falta de pretensão, aliada à personalidade de cada um deles, mais a honestidade com eles mesmos e o público lhes permite dar vida própria ao que fazem. E que nos seduz com suas melodias simples e seu som descompromissado.

A produção musical ficou de ótimo nível. Sim, pois essa aura mais suja e simples encaixa com a proposta deles, faz com que sua música soe viva e intensa, e isso sem que os instrumentos soem bem aos nossos ouvidos. Apenas a caixa da bateria poderia ter tido um brilho a mais, mas está de muito bom tamanho. E a arte da capa e do encarte, simples e funcional, encaixa perfeitamente no que eles se propõem a fazer musicalmente.

E a proposta deles é simples: Rock’n’Roll pesado, feito com o coração, sem pretensão de ser um novo LED ZEPPELIN ou BLACK SABBATH, mas de serem o que são, e por isso, os arranjos musicais da banda são tão grudentos, cada refrão transborda espontaneidade e honestidade. E isso, meus caros leitores, não anda muito fácil de encontrar.

“Believe” é pesada, densa e provocante com seu jeitão pesado e melodias bem feita, e um trabalho muito bom dos vocais; “Stardust” tem um jeito mais soturno e introspectivo que nos remete aos anos 70, com peso e melodias em equilíbrio, fora baixo e bateria estarem muito bem; em “Return” começa com um jeitão mais leve e solto, bem acessível e limpo, mas logo ganha um jeitão mais rocker que não destrói a aura acessível de canção, onde brilham alguns arranjos de guitarras muito bons; e novamente a banda lança mão de algo mais pesado e direto em “The Haze”, justamente a que tem um jeitão um pouco mais voltado ao BLACK SABBATH devido ao peso.

Eles não fazem o tradicional som extremo que tanto caracterizou a cena mineira de Metal, mas é justamente por seguirem este caminho que o ELEPHANT CASINO se mostra tão bom.

Tem muito talento, e vai agarra nos ouvidos por semanas!


QUINTESSENTE – The Belief of the Mind Slaves (Single)


2017
Selo: Independente 
Nacional

Tracklist:

1. The Belief of the Mind Slaves
2. Matronæ Gaia


Banda:


André Carvalho - Vocais 
Cristiano Dias - Guitarras
Cristina Müller - Teclados, vocais femininos
Henrique Bessa - Baixo
Mark Souza - Bateria


Contatos:


Texto: Marcos “Big Daddy” Garcia


Em uma era onde Singles e EPs físicos têm virado uma raridade, e que cada vez mais o talento musical se restringe a ficar repetindo velhos clichês estilísticos, ouvir um Single como “The Belief of the Mind Slaves”, do quinteto carioca QUINTESSENTE, é algo maravilhoso, que proporciona uma sensação de termos encontrado uma pedra preciosa muito rara e valiosa.

O que temos no Single são duas faixas de um estilo musical que transita entre o Doom  Metal dos anos 90, muito do Metal tradicional clássico e influências pontuais de outros estilos, com canções cheias de melodias sombrias e elegantes criadas pelas guitarras e teclados, com a adição de uma base rítmica pesada e com boa técnica, fora o contraste perfeito entre vocais urrados, limpos e femininos. Óbvio que esta fórmula já foi usada muitas vezes anteriormente, mas justamente por estar fora da evidência e ser feito com personalidade que o Single nos prende a atenção.

Traduzindo: é muito, muito bom.

A produção musical não é tudo que poderia, já que está crua um pouco além do ponto. Nada que nos impeça de entender as canções ou que muito menos tire o brilho do Single, mas apenas poderia ser melhor, mais limpa. Mas os timbres instrumentais foram bem escolhidos, e nenhum dos instrumentos está apagado.

O trabalho da banda é muito bom, justamente porque é diferente do que se encontra em voga no Metal neste momento. Fora isso, essa fusão de melodias e melancolia sempre funciona muito bem na mão de quem sabe o que está fazendo. E verdade seja dita: estes veteranos sabem muito bem o que querem fazer de sua música.

Temos duas faixas: “The Belief of the Mind Slaves”, com seu andamento bem variado, preenchida por belos arranjos de teclados e ótimas guitarras, mas ao mesmo tempo, a dinâmica de mudanças entre vocais extremos e outros normais, mais os femininos, é muito boa. Em “Matronæ Gaia”, há justamente o enfoque no lado mais sombrio e soturno da banda, com melodias melancólicas, baixo e bateria com boa técnica, cheia de lindas passagens melodiosas, caracterizando assim o estilo híbrido do conjunto.

Infelizmente, o Single só tem duas faixas, o que nos deixam pensando “quero mais” avidamente. Mas teremos que esperar “Songs from Celestial Spheres” ser lançado.

Que venha logo, pois o quinteto é excelente!